Silêncio (13/10/24)


 Sobre teu véu negro, em luto sobre tua alma, outrora sobre nossa pele. Teus dedos sujos de sangue seco, segurando o credo de tua existência. Como uma urna, selada a quaisquer ectoplasma, teus olhos se fecham a minha frente.
Sangue quente e sangue frio, presos em nossas veias, mas nunca juntos novamente. Lábios secos de tanto viajar sobre o vento frio, escondida em tocas invisíveis, fugindo do olhar no qual lembra-te rancor. Sela-te em tuas palavras, que nunca mais veria aquela silhueta novamente. Perdida em vultos de um passado carnívoro e ensanguentado, buscando teus erros através da escolha de quem lhe fez sangrar. Teu vulto assombra meus pensamentos, chegando em meus sonhos como uma flecha infectada, como um colo ao descansar do esgotamento, mostrando-me que isso não faz mais diferença em nossos caminhos. Levanto-me de tua capela sobre o luar púrpuro, encharcada em meus olhos, deixando que escorra sobre meu rosto. Púrpuro, alaranjado e avermelhado. Cálices de puro pecado emocional, chamando por tuas existências, separadas por sua veemência.

Comentários