Presa em um um quarto escuro, sendo consumida pela minha apatia, sinto ao fundo de minha alma, um ruído ensurdecedor, seguindo em minha mente como tempestade e em meu corpo como uma lâmina. Suas garras arranham meu rosto com cuidado, mas ao ponto de não poder serem ignoradas, indo cada vez mais fundo. Seus ruídos logo se transformam em vozes, ecoando gravemente sobre minha mente e tomando conta dos meus pensamentos, um por um. Quanto mais resisto, mais sinto que algo dentro de mim quer explodir, tomando posse do meu corpo e destruindo tudo em minha volta. Ela busca ao fundo de minha existência, qualquer resquício de incerteza e raiva. Consigo ouvir seu grito de longe, ecoando cada vez mais forte em minha mente e suas unhas aos poucos rasgando meu rosto até que finalmente chegam em meus olhos. Quando me dou conta do sangue, sei que ali em diante não há mais volta. Como um raio, seus gritos chegam finalmente até mim e só consigo sentir minhas unhas pelo meu corpo, furando minha pele e rasgando tudo por onde passam. Minha mente perde o controle e tudo em minha volta fica turvo. O tempo se distorce e a dor é a única solução para fugir desse pesadelo interminável. Pulsando em minha mente, como numa tempestade, não consigo tomar o controle e tudo começa a se esvair em minha frente. Pulsa novamente. Perdida em meu próprio caos, trancafiada em um pesadelo de sofrimento. Pulsa. Tudo o que minha mente consegue ver é sangue e suor. Pulsa. Minha lágrimas começam a queimar sobre meu rosto e o desespero toma ainda mais conta do meu corpo. Pulsa. Chamando pelo meu nome, ressoando meus pensamentos incertos. Pulsa. Cada vez mais rápido. Pulsa. Me crucifica. Pulsa. Em minha própria carne. Pulsa. E tudo para.
Sinto um toque doce em meu pescoço, acariciando meus ferimentos e desacelerando o caos. Brilhando em uma grande névoa, atravessando minha alma e acalmando minha respiração. Seu toque macio me leva pra longe de toda a tempestade por um momento, mesmo que as vozes tentem chegar até mim, ecoando como um grito no fim de um grande túnel. Meu coração inquieto tenta resistir, mas logo sinto meu sangue ferver novamente, acelerando cada vez mais minha pulsação. Quando a tempestade começa a se aproximar, surge então uma nova voz, ressoando em meus ouvidos como uma leve melodia, dizendo que tudo ficaria bem. Os gritos então, começam a perder a sua força, aos poucos deixando meu coração, aliviando meu corpo e adormecendo minha boca. Quando abro meus olhos novamente, vejo tudo mais claro. Vejo olhos profundos e preocupados, chamando por mim, como se estivesse perdida em um grande labirinto. Sua voz ressoa novamente e percebo que tudo passou. Tudo o que me restou foi remorso. Minhas lágrimas caem, confusas e assustadas, porém aliviadas. Ressoa novamente e sinto algo doce em meus lábios. O tempo volta, o coração acalma e minha mente se encontra. Onde quer que eu esteja agora, eu espero nunca mais voltar para lá, mesmo que no fundo, eu saiba que isso nunca vai deixar de acontecer.

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